terça-feira, 18 de setembro de 2012

15 anos > Texto de apresentação por Bia Medeiros


Clipes ou tábua de passar? Corpo exposto, posto, todos pensam, pasmos. A identidade não mais procura abrigo, briga. Jogo franco, tapa na cara, beijo de língua.

A preparação não é só física, vem de um olhar que atravessa o i-mundo. Zmário não brinca. A performance não é brincadeira, traz o outro, o mesmo e você, todos despidos de carne diante de si, pelo corpo de Zmário.

Aqui, a dissertação de Mestrado é tese de Doutorado, a performance é porrada, o carro se cala, o transeunte goza na boca da praça.

Quando Zmário entra em ação, paro e sinto o suor dos outros escorrer, no meu corpo, como água nas infinitas cachoeiras de pensamentos que dimensionam o inaudito, o inclassificável, o, talvez, crível. A boiada grasna, os helicópteros festejam como formigas atrás dos doces do ebó.

O corpo de Zmário está escrito nas páginas do trote, do deboche, da bunda. Ele se deposita como desejo no vácuo do cu, na paisagem dos cumes. Ele rasga a solidão das colheres sujas que esperam a cura.

Haverá suscitação e ebulição de osso, de pele, de pelo, de cabelo. Pedaços que Zmário vai nos presenteando, pouco a pouco, de forma intensa, imensa. Marcas requintadas de efemeridade impostas como cicatrizes para sempre abertas.

Pensar é privilégio de poucos. Zmário arrisca mais longe: trisca com seu suor, risca com o torso, trai (a-ante-até-após-com-contra-de-desde-em-entre-para-pre-perante-por) o barroco-esquizo-rizomático baiano, propõe às hordas o sem bordas com bordados inacabados.

Silêncio: no entusiasmo, Zmário invoca.


Bia Medeiros
Professora do Departamento de Artes Visuais (Graduação e Pós-Graduação) UnB
Pesquisadora CNPq
Coordenadora do PPG-ARTE/UnB
Coordenadora do GPCI - Grupo de Pesquisa Corpos Informáticos UnB/CNPq

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corpos.blogspot.com.br















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