Andar a pé, viver com arte, 2003. Ruas da cidade de Salvador-BA.
Imagem dos pés descalços sobre scanner após nove horas de caminhada pelas ruas da cidade.
Desde 1997, o interesse pelas impressões corporais e pelo corpo humano fragmentado (meu corpo / o corpo alheio) permanece como uma constante em minha produção artística. Neste recente trabalho, envolvendo arte e cotidiano, apresentarei "os pés" como fragmento. A ação: "Andar a pé, viver com arte", a ser realizada pelas ruas do centro da cidade de Salvador (onde vivo, trabalho e estudo), representa mais uma tentativa de estreitar fronteiras entre arte e vida, entre expressão artística e atividades cotidianas.
Com uma câmera, buscarei registrar as imagens de meus pés descalços em meio aos tantos outros calçados, os pés dos transeuntes, dos pedestres que como eu desenvolvem suas atividades cotidianas no espaço urbano. Fetichismo à parte, a mudança da relação de foco "olho no olho" para "olho nos pés", durante a ação, é representativa de um desejo por uma nova vivência, uma outra forma de perceber a cidade e o próximo; os pés no chão como uma experiência sensorial mais próxima à natureza humana, uma redescoberta de texturas e temperaturas: granito- frio, terra-morna, asfalto-quente, etc. Os registros fotográficos (também dos pés) serão realizados por anônimos, por fotógrafos ambulantes como aqueles encontrados no Centro Histórico - Pelourinho com câmeras tipo Polaroid em mãos.
Assim como um andarilho urbano, um "paleteiro" (na linguagem de rua de Salvador), estarei em trânsito e transe(?) por entre a cidade e os citadinos, no sobe e desce das ladeiras, realizando ações cotidianas durante nove horas consecutivas: da Lapa à Barroquinha; dos Barris (onde resido) ao Porto da Barra; do Shopping Center Lapa à Feira das 7 Portas; do Largo 2 de Julho ao Solar do Unhão - Mam; da Av. Joana Angélica à 7, passando pelo circuito das galerias e dos museus (Conjunto da Caixa, ICBA, ACBEU, MAB, Costa Pinto, Aliança Francesa).
Como resultado, deixarei as impressões de meu próprio corpo, de minhas pegadas, sobre o suporte cidade. Inversamente, serei marcado (física e psicologicamente) pelas impressionantes imagens desse cenário urbano.
Zmário, setembro de 2003
http://www.perfopuerto.net/4cardinales/br/zmario.htm
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